29.10.06

Quando eu era adolescente pré-adulta é que escrevia muito...

Nos meus tempos de adolescente pré-adulta, que terão durado até ao início dos 20's, tinha crises existenciais frequentes, a minha auto-estima passava fases delicadas e encarava todas as situações com uma mescla de medo, desconfiança, pavor, incapacidade. E sentia-me muitas vezes triste e só, fechada no meu mundo de dúvidas e incertezas.

Hoje em dia não tenho paciência para pessoas assim. Pessoas que dizem viver encarceradas numa melancolia permanente e claustrofóbica, e que, a meu ver, não passa de um casulo que criaram e que alegam em todas as ocasiões, quase como um "desculpe" in advance, ou aquilo a que se chama "dar um desconto".

Cheguei a um momento em que me fartei de tristezas, as minhas e as dos outros, e deixei de ter contacto com pessoas que encaravam a vida com tantas reservas. E só então percebi que pessoas há que se limitam a viver a vida tal como ela se lhes apresenta: ficam felizes quando as coisas lhes correm bem e tristes quando nem por isso, sabendo que amanhã será um novo dia. Essas pessoas vivem o presente, expectantes motivados por um futuro que há-de vir, e com o passado muito bem arrumado nas suas cabeças.

Idades há em que a falta de passado é um problema, porque tudo é novo e a experiência que não se tem impede comparações, para o bem e para o mal. Noutras idades, a existência de um passado passa a constituir um problema em si mesmo, porque há termo de comparação, há nostalgia, há marcas que ficam.

Equilibrar os tempos - passado/presente/futuro - da nossa vida é tarefa essencial para que se possa tirar o proveito máximo de cada um deles. E não padecer de melancolia crónica é condição sine qua non para se poder enfrentar a vida tal como ela é. Em ambos os casos, inexiste determinismo.

Recordo-me do Trainspotting: Choose life.

4 Comments:

Blogger Kite4Fun said...

Everything about you is how I wanna be
Your freedom comes naturally
Everything about you resonates happiness
Now I wont settle for less

Give me all the peace and joy in your mind

29/10/06 12:26 da tarde  
Blogger Selva Urbana said...

Sem dúvida. Mas ser adolescente é assim mesmo. É viver afogado nas suas angústias, e medos, e remoer horas as suas tristezas. A minha [adolescência] lembra-me mais estados melancólicos do que outra coisa. O prazer do estado melancólico. Só que mais tarde crescemos, e aprendemos a guardar essa melancolia um pouco embriagante na gaveta. É sobretudo um estado de alma muito alienante, até algo perigoso.

Crises existenciais vamos continuar a tê-las, mas mais espaçadas no tempo. A cada 7 anos, diz-se (e eu acredito). :)

Qto às pessoas que te puxam para baixo, percebo isso perfeitamente, e a dada altura fiz exactamente isso: adeus, tem uma boa vida! Aliás, pessoas, músicas, filmes, etc. A minha sensibilidade relativamente às "artes" mais depressivas (particularmente filmes e música) foi crescendo com o tempo, e agora só me permito quebrar essa regra muito de vez em quando. E só de vez em quando, ou porque me faz viajar no tempo, ou porque me apetece abrir a gaveta e render-me à melancolia. Coisa rara :)

3/11/06 12:49 da manhã  
Blogger CCCC said...

A questão centra-se precisamente em não se ser mais adolescente e, ainda assim, continuar a pensar, sentir e viver da mesma forma.
É a apologia da depressão. E depois, claro, um "pedido" para que tenham compaixão por esse ser, eterno sofredor. Não há paciência.

3/11/06 2:23 da manhã  
Blogger Soraia Blás said...

Páa....gostei muito deste teu post!!Aliás tenho gostado muito de ler o teu blog, parabéns;)

12/2/08 2:40 da tarde  

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