Provedor de Justiça
É um cargo que lhe assenta que nem uma luva, e só por saber disso tão bem, creio, é que superou a birra que a eleitoralice aguda não permitiu que fosse a escolha consensual mais que evidente, sujeitando-se a uma espécie de eleição (que nunca me recordo ter existido quanto a anteriores Provedores), cujo resultado será conhecido no próximo dia 22. Enfim, é um democrata convicto, pelo que aceitou as (subsidiárias) regras do jogo.
"JOMI", como sempre o chamámos, mais do que independente e isento partidariamente, é o prototipo de seriedade e de rigor, dotado do munus público que, com toda a certeza, trarão outra visibilidade e credibilidade à figura do Provedor.
Numa das primeiras aulas de Constitucional, "JOMI" entregou aos caloiros um inquérito básico de cultura geral, ficando espantado por tantos desconheceram quem foi o General sem medo ou o autor d'"A Montanha Mágica". Mais, a primeira pergunta sacramental das suas provas orais era: "Então o que é que vai ler nas férias?". Quando um estudante, um dia, lhe respondeu que iria tentar ler o "Guerra e Paz", o Professor ficou suspenso, esperando que o aluno enumerasse mais obras que leria nesse período. Nessa altura, lembro-me de ter acreditado que o ensino universitário valorizava esses conhecimentos, como valorizaria, por exemplo, a qualidade da escrita de um futuro jurista. Enganei-me redondamente.
O Professor Jorge Miranda, que, à data, acumulava funções enquanto Presidente do Conselho Directivo, deixou obra, ampliando as velhas instalações da FDL, criando novos anfiteatros, salas de aula, auditório e biblioteca, zangando-se quando algum aluno encostava o pézinho às paredes acabadas de pintar ou quando entrava numa sala vazia onde alguém tinha deixado ligada a luz inutilmente.
Com ele fiz a minha primeira oral, para a qual levei o tema dos Direitos Fundamentais, assunto que lhe é tão caro. Subiu-me dois valores, fazendo ^aquele^ sorriso sempre que respondia acertadamente a qualquer questão e elogiando quando via motivos para o fazer. Não é por isso que tenho grande apreço por ele, obviamente, mas é também por isso, porque acho que tem um sentido de Justiça que faz falta multiplicar por aí.
Temos (teremos) Provedor!
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