Não foi
o concerto, mas foram duas horas muito bem passadas, ao som de canções de sempre e de canções de agora que, em grande parte, estou convicta, permanecerão. É um
Voo Nocturno extremamente inspirado, da melodia às letras, remetendo-nos para o Palma do
Bairro do Amor ou do
Só.
Do
single de apresentação ("...
porque arrasei o que não quis em nome da estrada onde só quero ser feliz...") à música que dá nome ao album (..."
levo as asas nos bolsos e o coração a planar..."), passando por outras duas inevitáveis (...
o passado já lá está, raio duma sorte cinzenta...") e (...
eu disse 'vamos partir, o espaço é seco, vazio e banal, vamos fugir!'...) e parando, repetindo, parando, repetindo, muitas vezes, tantas vezes, numa canção de letra banal mas absolutamente incontornável, que Palma definiu, no Olga Cadaval, como a mais difícil - não vinha sendo tocada ao vivo e os ensaios escassearam -, e que me deu um gozo tremendo ouvir: "
Olá (cá estamos nós outra vez)", cuja audição recomendo, para além das palavras... "
olá! sempre apanhaste o tal comboio? eu já perdi dois ou três entre o ócio e as esquinas ganhei o vício da estrada nesta outra encruzilhada talvez agora a coisa dê o passado foi à história cá estamos nós outra vez. conheço a tua cara, mas não sei o teu nome eu escrevo já aqui, não sei o quê, arroba-ponto-come vou-te reencontrar noutro bar de estação ou talvez quando perder mais um avião o barco vai de saída, tu estás tão bronzeada é tão bom ver-te assim, ardente, tão queimada. eu quero reencontrar-te noutra esquina qualquer sem saber o teu nome ou se ainda és mulher quero reconhecer-te e beber um café dizer-te de onde venho e perguntar-te porquê sorrir-te cá do fundo, subir os degraus eu quero dar-te um beijo a cinquenta e tal graus... "