29.4.07

o vestido vermelho

Lá vai ele embora,
com o seu cachecol
eu sei bem que agora
tem outro amor
um tal de jogador
de futebol.

Da casa do lado
ouve-se o relato
o clamor do estádio
onde ele extravasa
e eu estendo-me em casa
tiro os sapatos

pinto o cabelo
rio-me ao espelho
ponho o vestido vermelho
à espera
de um golo
a nosso favor.

Cresce o jogo, avança
correm os heróis
para aguentar a dança
das frustrações
das multidões
de tudo o que mói

não digo o contrário
finjo acreditar
e estico o salário
compro o bilhete
para o camarote
faço o jantar

pinto o cabelo
rio-me ao espelho
ponho o vestido vermelho
à espera
de um golo
a nosso favor.

JP Simões

26.4.07

cotton




A nova moda em Londres. By Anya Hindmarch

Essai de figure en plein air: Femme à l'ombrelle tournée vers la gauche


Claude Monet

Veio hoje com o DN, mas estas cores não conseguem transmitir a beleza do quadro. Magnífico.

25.4.07

Versão nostalgia

«Istambul é uma das minhas cidades, por causa de tudo e do habitual, o canto das mesquitas, as esmeraldas do Topkapi, a cúpula da AyaSophia, os azulejos da Mesquita Azul, o Grande Bazar, o peixe frito no pão na Galata, e por causa da água, o milagre daquele estreito sem marés que os catamarãs cruzam como se voassem sobre líquido em velocidade supersónica deixando um estômago oco no cavo das ondas.»

CFA, Única, de 21.04

enquanto há força

Enquanto há força
No braço que vinga
Que venham ventos
Virar-nos as quilhas
Seremos muitos
Cantai rapazes
Dançai raparigas
E vós altivas
Cantai também

Levanta o braço
Faz dele uma barra
Que venha a brisa
Lavar-nos a cara
Seremos muitos
Seremos alguém
Cantai rapazes
Dançai raparigas
E vós altivas
Cantai também

José Afonso

24.4.07

ope legis

O documentário do António Barreto de hoje, que se deteve essencialmente na evolução da posição da mulher na sociedade portuguesa, acabou com uma apreciação sobre o estado actual da Justiça. Muitos processos, muita morosidade.

Há dias, nos Juízos de Execução de Lisboa, consultei um processo de 2005 que não tinha ainda anexo um requerimento de uma folha que deu entrada em Julho de 2006. A entrada do requerimento no Tribunal estava registada no computador, mas o papel ainda não constava do processo.

Há mais ou menos um ano, no Tribunal de Sintra, quis consultar um processo de 2004 para verificar em que fase se encontrava. Constatei que o que existia era a Petição Inicial metida dentro da capa que identifica o processo, e nada mais.

Outros processos há, muitos e em diferentes Tribunais, que correm de acordo com uma dinâmica que pode ser caracterizada como "normal". As partes intervêm, o juiz despacha, as fases processuais sucedem-se, o encadeamento existe. Muitos destes processos pertencem ao distrito judicial de Lisboa, o que inclui Oeiras, Cascais e, claro, Lisboa. São Tribunais que, não obstante o elevadíssimo número de pendências, conseguem dar resposta.

Quando a funcionária das Execuções de Lisboa me diz que tenho que ter paciência, porque "são mais de vinte mil processos", fico sinceramente sem saber a quem atribuir as culpas, o que me constrange angustiantemente, sabendo que vivo num Estado de Direito. Democrático.

contida, indolente, impediosa maré...


«Aqui as notícias circulam mais rapidamente do que em qualquer outra parte de Londres. O roçar dos transeuntes parece lamber a tinta dos cartazes, consumindo-os a toda a velocidade e exigindo sempre novas doses de notícias frescas; e isto com uma voracidade maior do que em qualquer outro sítio. O nosso cérebro converte-se numa chapa glutinosa que recolhe impressões e Oxford Street rola por cima desta chapa uma perpétua fita de perspectivas cambiantes, sons e movimentos.»

"Londres", Virginia Woolf

21.4.07

Pull my finger!


As the sound of the playgrounds faded, the despair set in. Very odd, what happens in a world without children's voices.

Aqui ninguém nasce, nas Intermitências de Saramago ninguém morre. Vivemos no pior dos mundos, mas, se se altera a natureza das coisas, só vemos o caos.

All the way


The days may be cloudy or sunny
We're in or we're out of the money

20.4.07

Mas o amor, o génio - que podem eles contra o caruncho, as banheiras de latão, ou uma bomba de água no rés-do-chão?

«Fevereiro após Fevereiro, a Sra. Carlyle tossia na cama de dossel com cortinas castanhas onde havia nascido e, enquanto tossia, os inúmeros problemas da sua incessante batalha, contra o frio, contra a sujidade, acudiam-lhe à mente. O sofá de crina precisava de ser forrado de novo; o papel de parede da sala de estar, com o seu padrão escuro e miúdo, precisava de ser limpo; o verniz amarelo dos painéis havia estalado e começava a desprender-se - tudo tinha que ser cosido, limpo e polido pelas suas próprias mãos; e teria já logrado, ou ainda não, acabar com o caruncho que se reproduzia sem parar nos velhos painéis de madeira? Assim decorriam as longas horas das suas noites de insónia; a Sra. Carlyle ouvia então os passos do marido no andar de cima, e sustinha a respiração, e perguntava-se se Helen estaria já a pé e se teria acendido o lume e aquecido a água para que o Sr. Carlyle se pudesse barbear. Tinha início um novo dia, e com ele recomeçava o esfregar e bombear.»

"Londres", Virginia Woolf

One two three four five six seven

Out of college, money spent
See no future, pay no rent
All the money's gone, nowhere to go
Any jobber got the sack
Monday morning, turning back
Yellow lorry slow, nowhere to go
But oh, that magic feeling, nowhere to go
Oh, that magic feeling, nowhere to go
Nowhere to go.

19.4.07

London



«À medida que nos aproximamos da Torre, o poderio da cidade vai-se afirmando. Os edifícios tornam-se mais robustos, amontoando-se a alturas cada vez maiores. O céu parece carregado de nuvens mais pesadas, de cor púrpura. Vêem-se tímidas cúpulas e pináculos branqueados pelo tempo misturados com as chaminés de fábricas, afiadas como lápis. Até que nos encontramos, por fim, onde tantos tambores rufaram e tantas cabeças caíram - a Torre de Londres. Este é o nó, a chave, o eixo de todos esses quilómetros de esquelética desolação e frenesi formigueiro. Aqui ronca e resmunga a áspera canção da cidade que convocou do alto-mar os barcos, para os aprisionar junto aos seus armazéns.»
"Londres", Virginia Woolf

Vontade de regressar, para ver mais isto e aquilo, estes e aqueles.

11.4.07

sudokante

su
do
ku

A falta do trabalho de casa... u u

A descoberta viciante do fim-de-semana da Páscoa, uma vez mais a sul, ao sol e no mar.

10.4.07

combateremos à sombra


Leónidas Xerxes
Heródoto Frank Miller
480 a.C.
Efialtes
Elmos Lanças
Zack Snyder
Termópilas

Um êxito de bilheteira, um arraso da crítica. É o costume.

3.4.07

Yasmin

Combinação de cozinhas, num espaço pequeno mas não invasivo, com DJ de serviço e a rua lá fora que espreita o cozinheiro à janela indiscreta.
Não fica barato, mas o serviço é cuidado e os pratos (quem é que pode dizer que tem 'perdiz' no seu menu?!) valem a pena, pelas combinações originais e pelo tempero que, como em quase tudo, faz a diferença.

(Fotos não há)

E atirar uma cadeira para o 3º anel norte a 1550 pés?!

yeah we do

Oh, all that I know, there's nothing here to run from,
'Cause yeah everybody here's got somebody to lean on.